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Património Cultural
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Veloso Salgado (1864-1945) De Lisboa a Wissant

<div>Parte da exposição Veloso Salgado de Lisboa a Wissant, integrada na programação da Temporada Portugal-França, e que apresentou cerca de 60 obras no Château Comtal – Musée de Boulogne-sur-Mer, em França, poderá ser vista no MNAC. Esta será, até ao momento, uma relevante exposição, com obras do pintor, colocando-o, também pela primeira vez entre nós, em diálogo com os seus pares franceses.</div>
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<p>De há alguns anos para cá, a obra de Veloso Salgado tem sido objecto de estudo no MNAC, pela conservadora do museu, Maria de Aires Silveira, em particular após o legado da obra do artista ao museu. Integram esse legado várias pinturas, documentação, também epistolar, e um núcleo significativo de provas fotográficas, cujo estudo tem permitido avançar no conhecimento da obra deste artista e da sua rede de contactos artísticos em Portugal e em França.</p>
<p> A correspondência, trocada desde 1896, traça um itinerário pessoal e profissional, de Lisboa para França, e foi recentemente complementada com as cartas de Veloso Salgado para o casal Demont. Por outro lado, a descoberta também recente dos retratos que Veloso Salgado fez dos dois artistas franceses, e o envolvimento do autor com Wissant provaram-se determinantes para uma inovadora reflexão sobre as obras deste pintor português e do seu percurso artístico.</p>
<p>O retrato da criança intitulada “Flor do mar”, datado de 1894, obra escolhida como imagem desta exposição, destaca a sua aprendizagem junto de artistas franceses, numa experimentação que vai além do habitual reconhecimento da sua pintura académica, introduzindo uma modernidade inédita no seu percurso artístico e oferecendo uma nova visão da sua produção.</p>
<p></p>
<p>Desejando transportar o visitante para um ambiente oitocentista, esta exposição dá palco a uma viagem artística pelo sentido naturalista, com laivos de modernidade, tão próprio deste pintor.</p>
<p><strong>Sobre o artista</strong></p>
<p> “Veloso Salgado partiu para Paris, em 1888, já naturalizado cidadão português. Nasceu em Orense, Espanha, e com 10 anos trabalhava já na Litografia Lemos, do tio materno, em Lisboa. Fez o curso da Academia de Belas-Artes e ganhou a prova para pensionista em Paris e Itália com a pintura de História, A morte de Catão. Em Paris, trabalhou com o mestre paisagista Jules Breton, relacionou-se com a sua filha e genro, o casal de artistas Virginie Demont-Breton/ Adrien Demont e integrou o Grupo da Escola de Wissant, no Norte de França. Conhecido retratista, na zona de Lille, Veloso Salgado convivia com estes paisagistas, e mais tarde, já em Lisboa, professor da Academia, mantinha, através de regular correspondência, uma estreita relação de amizade, ao longo da sua vida.</p>
<p>No Legado de Veloso Salgado, constituído em 2016, encontraram-se algumas obras destes pintores, particularmente uma paisagem de Fernand Stiévenart (Douai,1862-Uccle, 1922), com dedicatória a Salgado. No Retrato agora adquirido, repete-se a frase, À mon cher ami, destinada a Stiévenart. Ambos datados de 1894, ano de realização do excepcional Retrato de Virginie, três anos depois do excelente Retrato de Adrien, pinturas encontradas em colecção particular francesa.</p>
<p>A pintura recentemente adquirida aponta para uma troca afectuosa entre artistas deste Grupo, evidenciando assim a presença de Veloso Salgado neste conjunto de cerca de 26 pintores, em torno das propostas simbolistas de Adrien e o realismo de Virginie, pintores que também dedicaram obras a Veloso Salgado. A exposição que o MNAC prepara para o Museu de Boulogne-sur-mer, em julho, revelará estas ligações luso-francesas que cruzam o itinerário de Veloso Salgado com os caminhos da Escola de Wissant. Estas cumplicidades são fundamentais para uma actualização do percurso artístico de Veloso Salgado, sobretudo entre 1888 e 1900, o período mais ousado do pintor.”</p>
<p><strong>Maria de Aires Silveira</strong></p>
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Parte da exposição Veloso Salgado de Lisboa a Wissant, integrada na programação da Temporada Portugal-França, e que apresentou cerca de 60 obras no Château Comtal – Musée de Boulogne-sur-Mer, em França, poderá ser vista no MNAC. Esta será, até ao momento, uma relevante exposição, com obras do pintor, colocando-o, também pela primeira vez entre nós, em diálogo com os seus pares franceses.

De há alguns anos para cá, a obra de Veloso Salgado tem sido objecto de estudo no MNAC, pela conservadora do museu, Maria de Aires Silveira, em particular após o legado da obra do artista ao museu. Integram esse legado várias pinturas, documentação, também epistolar, e um núcleo significativo de provas fotográficas, cujo estudo tem permitido avançar no conhecimento da obra deste artista e da sua rede de contactos artísticos em Portugal e em França.

 A correspondência, trocada desde 1896, traça um itinerário pessoal e profissional, de Lisboa para França, e foi recentemente complementada com as cartas de Veloso Salgado para o casal Demont. Por outro lado, a descoberta também recente dos retratos que Veloso Salgado fez dos dois artistas franceses, e o envolvimento do autor com Wissant provaram-se determinantes para uma inovadora reflexão sobre as obras deste pintor português e do seu percurso artístico.

O retrato da criança intitulada “Flor do mar”, datado de 1894, obra escolhida como imagem desta exposição, destaca a sua aprendizagem junto de artistas franceses, numa experimentação que vai além do habitual reconhecimento da sua pintura académica, introduzindo uma modernidade inédita no seu percurso artístico e oferecendo uma nova visão da sua produção.

Desejando transportar o visitante para um ambiente oitocentista, esta exposição dá palco a uma viagem artística pelo sentido naturalista, com laivos de modernidade, tão próprio deste pintor.

Sobre o artista

 “Veloso Salgado partiu para Paris, em 1888, já naturalizado cidadão português. Nasceu em Orense, Espanha, e com 10 anos trabalhava já na Litografia Lemos, do tio materno, em Lisboa. Fez o curso da Academia de Belas-Artes e ganhou a prova para pensionista em Paris e Itália com a pintura de História, A morte de Catão. Em Paris, trabalhou com o mestre paisagista Jules Breton, relacionou-se com a sua filha e genro, o casal de artistas Virginie Demont-Breton/ Adrien Demont e integrou o Grupo da Escola de Wissant, no Norte de França. Conhecido retratista, na zona de Lille, Veloso Salgado convivia com estes paisagistas, e mais tarde, já em Lisboa, professor da Academia, mantinha, através de regular correspondência, uma estreita relação de amizade, ao longo da sua vida.

No Legado de Veloso Salgado, constituído em 2016, encontraram-se algumas obras destes pintores, particularmente uma paisagem de Fernand Stiévenart (Douai,1862-Uccle, 1922), com dedicatória a Salgado. No Retrato agora adquirido, repete-se a frase, À mon cher ami, destinada a Stiévenart. Ambos datados de 1894, ano de realização do excepcional Retrato de Virginie, três anos depois do excelente Retrato de Adrien, pinturas encontradas em colecção particular francesa.

A pintura recentemente adquirida aponta para uma troca afectuosa entre artistas deste Grupo, evidenciando assim a presença de Veloso Salgado neste conjunto de cerca de 26 pintores, em torno das propostas simbolistas de Adrien e o realismo de Virginie, pintores que também dedicaram obras a Veloso Salgado. A exposição que o MNAC prepara para o Museu de Boulogne-sur-mer, em julho, revelará estas ligações luso-francesas que cruzam o itinerário de Veloso Salgado com os caminhos da Escola de Wissant. Estas cumplicidades são fundamentais para uma actualização do percurso artístico de Veloso Salgado, sobretudo entre 1888 e 1900, o período mais ousado do pintor.”

Maria de Aires Silveira

Reference: IPPBLIV23303601

Size: 300(A) x 210(L) /112 pp

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Reference: IPPBLIV00674301

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